26 novembro, 2010


O que dizer lá em casa?


(Pr Walter da Mata)




Não foi fácil voltar para casa. Na verdade, peguei uma vereda alternativa, esperei e penumbra e entrei em casa pela porta dos fundos, pois não gostaria que as pessoas me vissem e muito menos que me identificassem. Afinal, fazia semana que eu saíra de casa, pela porta da frente, muito festejado: minha esposa e meus filhos acenavam com folhas de palmeira, cantando e chorando, um misto de alegria e apreensão; meus vizinhos, idosos e crianças, me cumprimentavam com a esperança de que o futuro tão desejado estava chegando.



Todos depositavam em mim suas expectativas de que chegaram ao fim os sete anos de opressão: de gado roubado, lavoura saqueada e de filhos assassinados. Muito emocionado, acenei para eles e fui atender ao toque da trombeta que convocava os homens de Israel para lutarem ao lado de Gideão, contra os midianitas.



Hoje, era diferente, era o dia da volta, entreguei ao comandante a provisão e a trombeta, pois quando soube que nossas armas eram trombetas, cântaros e tochas, me filiei à maioria dos outros vinte e dois mil soldados que assumiram publicamente sua covardia e timidez, afinal é melhor um covarde vivo, que um herói morto. (Juízes 7:3,8) Só ainda não sei o que dizer a minha esposa e filhos, mas eu sabia: o homem da casa era um covarde.



Esta me parece ser a crise atual dos homens, pois estão cada vez mais se submetendo a jugos, opressões e sistemas iníquos, silenciados pela conveniência de continuarem vivos, mesmo que à custas de sua integridade e autoridade.



Que Deus nos ajude a caminhar com os poucos que exercitam a fé, mesmo com risco de suas vidas, e não com aqueles que precisam explicar em casa, tamanha covardia!